Espaço de resistência na Barra Funda

 O Boteco da Dona Tati, localizado no bairro Barra Funda – SP é um espaço reconhecido por sua história e objetivo, com programação musical gratuita de apresentações de sambas das comunidades tradicionais e rodas de sambas autorais. A casa tem como propósito dialogar com o patrimônio vivo do Samba de São Paulo e Rio de Janeiro, dando evidência às velhas guardas, ou seja, os tios e tias, “Seus” e “Donas” que passaram o longo da vida se dedicando ao samba e muitas vezes não tem seu devido valor reconhecido. Facilmente podem-se encontrar importantes nomes da história do samba de São Paulo, sentados à mesa do bar ou no balcão tomando jurubeba. 

A Barra Funda é o berço do samba desde o século 18, o Largo da Banana (local onde fica o viaduto do Pacaembu), que ganhou este nome por abrigar muitas barracas de banana, além de ser o local onde os negros estivadores se concentravam para aguardar os trens, e nessas horas vagas faziam suas batucadas e praticavam a tiririca (estilo de capoeira paulistana). Foi de lá mesmo que em 1914, saiu o Cordão Carnavalesco Barra Funda, primeiro bloco de samba do Carnaval de Rua de São Paulo, que viria a se tornar em 1953 o Cordão Mocidade Camisa Verde e Branco.

Inclusive a comunidade da, hoje, Escola de Samba Camisa Verde e Branco tem relação estreita com o Boteco da Dona Tati. Em reconhecimento, a casa foi presenteada, pela neta do fundador, com um pavilhão da escola, bordado a mão, da década de 80, que fica em lugar de destaque do bar. 

Programação do Dona Tati

Quartas-feiras com a roda de choro do Cortando Cebola – roda de amigos e parceiros do Boteco da Dona Tati.

Quintas-feiras – Quintas Pela Democracia com eventos como lançamentos de livros da Dandara Editora e Quilombo Literário e ainda debates realizados pelos coletivos e ONGs Iniciativa Negra , Rede Observatório da Segurança e Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas, Após os eventos, Roda de Samba da comunidade do Camisa Verde e Branco.

Sextas-feiras, Sábados e Domingos apresentações de grupos de sambas e sambistas como Velha Guarda do Camisa Verde e Branco, Velha Guarda do Vai-Vai, Instituto Cultural Samba Autêntico, Comunidade Samba da Laje, Quintal da Xika, Leandro Augusto, Symone Tobias, Wilson Sucena, Delei Martins, Anderson Tobias, Preta Batuque, Pegada de Gorila, Fernando Bom Cabelo, Maria Helena Embaixatriz, Bernadete, Tiana Antônia da Silva, Maria Neide Joaquim e Graça Braga entre outros grandes encontros de mestres baluartes, damas do samba, velha guarda, samba: tradicionais, periféricos, de raiz, de roda, de bumbo e partido alto.

Toda curadoria musical é feita por Thiago Martins. “O bar é de uma mulher preta, na Barra Funda, que é berço do samba de São Paulo, ou seja, temos o dever de manter a cultura e história do bairro”, afirma ele. Thiago desenvolve projetos para manter viva as tradições da cultura popular, como a “Rinha de Partideiros”, onde promove uma roda de partido alto uma vez por mês, estilo de samba que cada vez mais tem caído em esquecimento.

+ casa

Uma casa de esquina na Rua Conselheiro Brotero, Barra Funda, abriga o Boteco Dona Tati, com duas portas de correr e quatro grandes janelas, garantindo um ambiente bastante iluminado e arejado com maior conforto aos clientes que podem apreciar tardes ensolaradas com muita música. Com salão amplo, destaque para decoração com artigos da arte popular brasileira, como bandeiras, fitinhas do Senhor do Bonfim, remos indígenas, peças de bambu, e mobiliário de madeira, nas paredes de tijolos à vista e com cor amarela compõem a decoração afetiva. 

Por ser uma casa com bastante iluminação natural e mesas externas é um lugar ideal para happy hour, aniversários, eventos corporativos e confraternizações. O espaço é preparado para receber grandes grupos.

Cardápio

Dona Tati é a chef de cozinha e quem cuida pessoalmente da elaboração de todos os pratos. “Eu faço questão de cuidar da cozinha, tenho clientes fiéis desde 2001, o nosso cardápio é de comida brasileira com história, além disso, não pode faltar uma boa cerveja gelada, drinques refrescantes para acompanhar e um bom samba para curtir entre amigos”, afirma Dona Tati.

Para dividir:

Destaque para feijoada aos sábados na versão tradicional R$ 110 e vegetariana R$ 90. Aos domingos, Galinhada R$ 80 e Moqueca R$ 100.

+ Tira-gostos

Bolinho de Mandioca com carne seca (10 unidades) R$ 40, bolinho de feijoada (oito unidades) R$ 40, Ragu de linguiça com pão R$ 40. Já os clássicos opções como a polenta frita R$ 30, Costela de porco à passarinho R$ 45 Frango à passarinho R$ 45.

+ Bebidas

Drinques tradicionais – Caipirinha clássica R$ 27, Gin Tônica R$ 28 e Negroni R$ 35. Já os autorais – Batida de Rapadura com conhaque R$ 30, Cachaça de Jambu com três limões R$ 35 e Caipirinha de Uva com Manjericão R$ 28

Cervejas Heineken, Spaten, Becks, Original, Cacildis e Petra nas versões long neck e 600 ml a partir de R$ 10.

 Cachaças Jambuzeira (orgânica) R$ 15 e as tradicionais Seleta e Boazinha por R$ 12 (dose).

 Concurso de samba autoral

Em outubro de 2019, o Boteco Dona Tati realizou o primeiro Festival Nosso Botequim de Sambas Originais, o evento reuniu sambistas da velha guarda e da nova geração, dos quatro cantos da cidade de São Paulo e interior paulista. Foram três dias com canções inéditas que incentivaram a movimentação dos projetos e comunidades de sambas.

+ Boteco Dona Tati

Dona Tati Alves Martins, mulher preta descendente de indígena, nascida na cidade de Estrela D’oeste, SP. O primeiro bar da Dona Tati foi no metrô Vergueiro em uma galeria, um bar 24 horas, era uma sociedade com o irmão.

Chegou aos Campos Elíseos, em 2001, começou na Alameda Eduardo Prado, com uma rotisseria, vendia massas congeladas, molhos e carnes, mas logo depois inicia o bar, onde passa a servir refeições e sua clássica feijoada. Por diversas vezes grupos do bairro da Barra Funda promoveram rodas de samba no bar, até o bloco carnavalesco filhos de Jorge, começar a servir a Feijoada de São Jorge (feijoada comunitária e gratuita), uma vez por mês, movimento que aconteceu em 2012/13.

Um acontecimento familiar muda a história do bar, a perda do filho mais velho precocemente aos 36 anos e a decisão de Dona Tati de fechar o espaço. O filho mais novo, Thiago, apoiou a mãe neste momento e assumiu a casa com ela depois desse episódio em 2016, ele criou um novo cardápio, também, como produtor cultural passa a fazer uma curadoria musical para casa, dando foco para ascendência da família: tornando-se assim uma das principais casas de samba da cidade.

Em 2018, a casa já não comporta mais o grande público que tomava as calçadas e vão para um espaço maior no bairro ao lado – Barra Funda, nos dois próximos anos com sucesso absoluto, tornando-se um refúgio do bom samba. Já no endereço novo o cardápio é mais uma vez ampliado com o propósito de comidas brasileiras que evidenciam a ancestralidade e história de Dona Tati.

Com a pandemia, a casa fecha em março de 2020, para o público e sobrevive vendendo comida e bebida, durante esse período aconteceu até um incêndio na cozinha. Dona Tati entrega o espaço e aluga um novo lugar, mais espaçoso na Rua Conselheiro Brotero, pois conseguiram o Pronamp (linha de crédito do Governo Federal para pequenos empreendedores) e Aldir Blanc (Política Nacional de Fomento à Cultura), venderam um carro para pagar dívidas com a reforma e reabriram as portas ao público em geral em maio de 2022.

O Boteco Dona Tati apoia o Samba Casting – descontraído e informativo Podcast de samba e pagode.

Boteco Dona Tati

Endereço: Rua Conselheiro Brotero, 506 – Barra Funda

Telefone: 11 98286 3136

Horário de funcionamento: De quarta-feira à sexta-feira das 17h à meia-noite; Sábados, das 13h a meia noite e aos Domingos das 13h às 23h;

Não cobra couvert.

Aceita todos os cartões de crédito, débito, dinheiro ou pix.

Wi-fi: gratuito

Possui mesa ao ar livre

Facebook: botecodonatati

Instagram: botecodonatati

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